São Paulo, SP, Brasil

Book haul: inspiração pra casa nova

Falando particularmente de inspiração e processo de criação, eu tô num momento de reconexão com o analógico: é óbvio que a gente vive grudado com o celular e muita coisa no feed do instagram nos inspira, mas tenho sentido necessidade de ver as cores fora também das telas também, sabe?
E, nesse sentido, buscar novidades para decorar o novo apartamento e tranformar o espaço entre estas paredes num lar entre páginas de livros tem sido muito prazeroso.

Não que tenha nada de errado com as redes sociais, pelo contrário: vejo muitas vantagens na democratização desses acessos, afinal, quem não pode pagar caro num livro de decor as vezes consegue visualizar partes desse tipo de material ali no feed; a questão pra mim é exatamente o fato de serem apenas partes -e eu gosto de mergulhar fundo...
Num livro, a gente tem um trabalho de estudo, curadoria, fotografia, tratamento/edição que pode durar anos, até termos um acesso ao tema de forma mais profunda e condensada, ou seja, a imersão é bem mais completa...
Até porque, sejamos sinceros: por quantos segundos você olha para uma postagem no feed?
E quanto tempo levaria para folhear um livro com cerca de 200 páginas, ainda que fosse apenas "lendo as figurinhas" (risos)?

Desde a chegada da pandemia, eu comprei alguns livros sobre casa e decor que me trazem de volta um pouco daquele senso de sonhar com uma casa viva como eu sonhava quando tinha meus 7 ou 8 anos, folheando as páginas da Casa Claudia que vinham das casas das patroas da minha mãe... o que muda é que agora meu olhar é outro: o de quem sabe que, felizmente, pode realizar parte desses sonhos e inspirar outras pessoas (eu tô usando esses livros também para um estudo mais profundo para criar novos cursos de decoração, que saem em breve).

E hoje eu separei para compartilhar com vocês um pouco de dois dos livros que mais tem me inspirado recentemente, nesse momento de decorar um casa nova:

Surf Shack

A verdade é que eu já mostrei um pouco desses dois livros no instagram, mas achei que eles mereciam um pouco mais de atenção, por isso, decidi fazer esse registro mais old school.

Surf Shack, Laid-Back Living by the Water, de Nina Freundenberger,  é um livro que tem vários significados pra mim, entre eles, um resgate de memórias da minha adolescência, quando a surf music tomou conta das minhas playlists, do meu jeito de vestir (e de quando Jack Johnson era meu crush supremo 🙈)...

Não sei explicar exatamente porque, mas tenho uma paixão bem absurda pelo surf: acho incrível observar como esse é um esporte de total respeito e entrega à natureza.
Diferente de outras modalidades esportivas, onde você tem o controle de algum item ou objeto, como uma bola ou um taco, no surf, quem o pratica está totalmente entregue a algo muito maior: a força da natureza... e eu acho que toda essa relação contribui para que surfistas sejam pessoas com uma relação mais respeitosa com o meio ambiente, o que me inspira demais.

Dentro dessa relação, acho que o senso do que realmente importa também está mais aguçado e é algo que eu gostaria de alcançar, como ser humano.
Além de tudo isso, eu acho acho um lifestyle muito bonito de se ver (e este livro sintetiza tudo isso muito bem).
Surf Shack apresenta uma curadoria de casas dentro desse lifestyle, onde o frescor permeia as escolhas e as casas refletem toda essa energia.
Eu, que sempre fui uma pessoa muito solar, tenho vontade imediata de mergulhar nessas páginas e conhecer um pouquinho de cada uma dessas casas, ouvir um pouco das histórias de seus donos e vivenciar um pouco dos arredores...
Juro: enquanto escrevo esse post, eu consigo sentir o cheirinho do mar aqui e o vento batendo na minha lace. Tudo isso aqui, na minha imaginação.
Acho que não é mais um segredo pra ninguém o quanto eu sou apaixonado pela vida no litoral e o quanto esse lado solar da natureza me inspira, o que talvez poucas pessoas saibam é que eu sequer sei nadar 😂.
Na verdade, tenho traumas pesados de infância, de quase morrer afogado numa situação bem inusitada e inesperada para uma criança... eu nunca consegui superar essa situação e, todas as vezes que tentei sequer boiar na água, nunca consegui.

Como consequência disso, não sou uma pessoa que adora ficar dentro da água na praia por horas seguidas.
Na verdade, minha relação com o mar é de profundo respeito e contemplação: apenas estar ali perto, ouvindo o som e sentindo o cheiro do mar, me faz refletir sobre como somos pequenos diante do universo e isso muda tudo pra mim.
Mas isso não significa que eu não possa criar uma fic e ser uma Barbie Malibu bem surfista no auge da minha imaginação férgil.
Histórias e curiosidades a parte, Surf Shack está disponível na Amazon (nesse link aqui) e eu não consegui encontrar em outros sites no Brasil.
Se você também sonha com uma vida mais leve e solar, acho que você vai amar.
P.s.: ele é um livro belíssimo pra colocar na mesa ali, como quem não quer nada (e ficar olhando sempre que passar por ele).

Brasil de Dentro

Não é novidade que eu sou perdidamente apaixonado por casinhas e fachadas coloridas, o que é novo (pelo menos pra mim) é que -talvez pela idade- hoje eu me vejo venerando coisas que não conseguia entender o valor anos atrás, a ponto de filmes nacionais estarem no topo da minha lista de favoritos e minhas playlists estarem inundadas por artistas brasileiros atualmente.
E, nesse sentido, minha visita ao Museu da Casa Brasileira também me fez enxergar a beleza, a poética e a força do que é o nosso morar.


Morar não é apenas viver numa casa preenchida com móveis e objetos: é uma manifestação cultural de como nos relacionamos com o mundo, a partir de nossas residências, passando pela nossa rua, nosso bairro, nossa cidade...

No livro Brasil de Dentro, Elaine Eiger e um time de profissionais vão em busca de registrar a evolução temporal de casas previamente registradas por Anna Mariani, em outro livro que está no topo da minha lista de desejos: Pinturas e Platibandas.

Brasil de Dentro mostra fachadas de casas de cidades no interior do sertão no nordeste brasileiro, documentando as mudanças feitas a partir das adaptações necessárias, pelas mãos de quem vive no sertão... é quase uma continuidade do trabalho feito por Anna Mariani nas décadas de 1980 e 1990.

Art Déco sertanejo é o nome que se dá para a estética dessas casas que, com muita simplicidade, tem tanto a dizer sobre criação, adaptação e sobrevivência...

Ali, entre as fotografias no interior do livro, eu comecei a reconhecer e me apaixonar por algumas dessas soluções que eu mesmo já considerei "cafonas" e isso me fez querer trazer mais dessa linguagem popular tão autêntica pra perto de mim.

Brasil de Dentro é um registro poderoso, capaz de nos fazer valorizar a beleza e a riqueza desse morar, que passa por todas as camadas e não apenas por cidades cenográficas com casas históricas localizadas em regiões nobres e turísticas.


Brasil de Dentro é um livro f*dão pra quem também ama casinhas, portas e janelas e quer se inspirar no cotidiano, enxergando o simples por outras perspectivas.
Tá disponível na Amazon, através desse link aqui

Pra finalizar, duas curiosidades:

1. Esse post é, na verdade, uma continuação do post sobre inspirações para casa nova, que eu não quis colocar lá apenas em um tópico rápido porque acho que renderia um pouco mais de conversa.

2. É curioso como eu já me peguei tentando dar um zoom nas páginas várias vezes, fazendo o movimento de pinça que a gente faz na tela, sabe? E isso só acende minha luzinha amarela pra me lembrar da importância de manter a conexão com o analógico (pra mim, pelo menos)

Isso já aconteceu com você também?
E você ficou interessada em algum dos livros? Me conta aí, irmã...

Por hoje é isso...
Bjs do Math e até a próxima!

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