Foi com a abertura de novas possibilidades trazidas pela pandemia que Sander finalmente conquistou a tão sonhada liberdade geográfica (ele trabalha em um local que só tem base física/presencial em Brasília) e, se não fosse a chegada -forçada- do trabalho remoto, a gente não veria esse sonho de morar em outro lugar se tornar realidade.
Posso falar mais sobre essa decisão no futuro, em um post com textão bem pessoal, mas o foco no momento é ajudar, com dicas práticas, quem porventura possa estar planejando uma mudança interestadual também, procurando por dicas na internet, assim como fizemos...
Encontramos algumas informações que ajudaram bastante, mas sentimos falta de muita coisa e organizamos juntos, da forma mais prática possível, alguns dos passos mais importantes para organizar uma mudança de um estado para outro.
Organizar uma mudança é um processo bem complexo, com muitas variáveis e particularidades, logo, não tem como um único post ajudar todo mundo de forma 100% efetiva, mas sinto que podemos ajudar muita gente ao compartilhar o caminho que percorremos e como lidamos com as surpresas no caminho, graças à capacidade do Sander de organizar cronogramas e processos de forma bem fluida.
Essas foram as etapas que fizeram sentido pra gente, da forma mais prática e econômica (ok, digamos que com menos gastos), considerando, principalmente, que estávamos migrando de uma cidade para outra com apartamentos ALUGADOS nos dois pontos.
Bora lá que tem chão pela frente...
1. Planejamento é fundamental!
Morando sozinha ou em família, é importante que as datas sejam visualizadas e compreendidas por todas as partes envolvidas, assim, cada um vai fazendo sua parte ao longo dos dias.
Um checklist simples também pode ser bem útil.
Para ajudar, eu imprimi o meu calendário e o planejador semanal (que estão disponíveis para download na b.math aqui e aqui) e fomos escrevendo juntos, distribuindo da melhor forma as atribuições e tentando sincronizar as etapas, afinal, a gente precisaria esvaziar o apartamento, ficar em um lugar provisório ainda em Brasília, chegar em São Paulo com um contrato já fechado, mas sem mudança (ou seja, em mais um lugar provisório) e, se não estiver tudo muito bem organizado, você paga mais de um aluguel por tempo desnecessário, gastando uma grana que já poderia ser investida na casa nova.
Anotar tudo no papel facilitou MUITO o trampo todo...
Mas além da escrita, a comunicação é bem importante pra evitar pequenos atritos -além dos momentos de stress que já surgem naturalmente ao longo do processo.
2. Notifique a imobiliária
Cada contrato tem uma regra específica em relação a isso; no nosso caso, era necessário notificar com 30 dias de antecedência, o que propositalmente coincidiu com o fim de mais um período contratual (e foi mais ou menos esse o prazo que a gente teve pra lidar COM TODO ESSE ROLÊ).
3. Releia o contrato
Para evitar transtornos lá na frente, releia todo o contrato, confira todas as cláusulas e acordos no começo do processo e aproveite para fazer as devidas intervenções naquele planejamento que já vinha rolando (o do primeiro tópico)...
Geralmente, os contratos tem muitas cláusulas e algumas "pegadinhas" que a gente nem lembrava; é relendo que você consegue garantir que tudo ocorra como desejado na entrega.
4. O que vai e o que fica?
Uma mudança assim, mais "drástica", requer também medidas mais "radicais" em relação ao que vai te acompanhar na mudança; isso porque quando mais itens você levar, maior o valor a ser pago pela mudança e, em contrapartida, quanto mais coisas você deixar pra trás, maiores as chances de precisar comprar de novo os mesmos itens no futuro.
É importante refletir bastante sobre o que ainda tem sentido pra você, o que já te trouxe felicidade mas hoje não tem um significado tão profundo etc, assim, você pode selecionar alguns itens e disponibilizar para venda em um bazar, por exemplo (o que pode ajudar bastante nos gastos totais da mudança).
Além disso, pode ser uma boa oportunidade para exercitar o autoconhecimento e, quem sabe, fazer uma mudança real, além do CEP, no estilo pessoal e na sua relação com a casa.
Se sua mudança for para um lugar com voltagem diferente, de cara, você já corta os principais eletrodomésticos, afinal, não vale a pena o transtorno de comprar um transformador para cada um deles, isso porque fica consideravelmente caro, aumenta a conta de energia e exige um manuseio muito específico dos eletrodomésticos.
De todas as opiniões e experiências que ouvimos de quem já fez esse processo, concluímos que não valeria a pena e decidimos deixar pra trás geladeira, fogão, máquina de lavar e também itens menores, como secador de cabelo e ferro de passar roupas.
Nesse momento, é legal já começar, de alguma forma, a setorizar itens, para facilitar as etapas seguintes.
No nosso caso, acabamos doando a maior parte dos itens maiores, pois não teríamos tempo hábil para venda dentro da nossa logística e, sobre os itens menores, eu consegui trazer comigo em caixas já separadas para montar um bazar, que ainda não sei se será online ou presencial.
5. Solicitar orçamentos com transportadoras
Enquanto Sander e eu conversávamos sobre esse post, entendemos que este é um tópico a parte que renderia um podcast de várias horas muitas dicas úteis pra ajudar quem possa se sentir perdido, afinal, mesmo conversando com muita gente e procurando informação na internet, é na hora do "vamos ver" que "o bicho pega" e, de certa forma, as informações genéricas acabam não servindo, pois cada casa tem seu próprio acervo, suas demandas e é bem difícil fazer com que tudo se encaixe nas planilhas que as transportadores disponibilizam para orçamento online...
Com isso, eu decidi fazer um outro post só pra falar sobre transportadoras, mas aqui, dentro da proposta desse post, segue um resumo básico de como foi pra gente:
Depois de tentarmos alguns atendimentos para orçamento online, achamos que seria muito complicado preencher inventários virtuais, tirar medida de tudo, definir média de valores para os objetos etc, então solicitamos visitas de avaliação para orçamento de algumas empresas.
Setorizar os itens dentro de casa, como mencionei no tópico anterior, ajudou muito aqui: quando recebíamos os funcionários das transportadoras para avaliação, eu já conseguia mostrar de forma fácil o que iria na mudança e o que ficaria pra trás.
Cada transportadora tem um jeito diferente de fazer esse cálculo, diferentes ofertas de seguro, etc e o ideal é que você aproveite as visitas presenciais para tirar o maior número de dúvidas possível, pois isso vai te ajudar a definir, lá na frente, quem você vai contratar (provavelmente, a que te deu informações mais detalhadas)
Peça sempre um orçamento formal: isso facilita a comparação entre orçamentos e, acredite, qualquer facilidade a mais é de grande importância nesse rolezão caótico.
6. Defina uma base de apoio
Provavelmente, você vai precisar esvaziar a casa para fazer reparos como pintura e limpeza e, quando isso acontecer, você vai estar, literalmente, sem onde ficar para cozinhar, dormir etc...
No nosso caso, como não tínhamos uma casa de parente por perto, alugamos um airbnb a algumas quadras de distância do apartamento onde morávamos, afinal, a gente passaria dias retornando para supervisionar os reparos a serem feitos para a entrega.
Se você, como a gente, tem um animal de estimação, lembre-se que ele sente todo esse movimento de mudança e, por isso, é importante que ele seja levado em conta também nessa logística: um airbnb era super importante também para irmos dar a comida do Sushi, ver se tava tudo bem com ele e passar rapidinho ao longo do dia para que ele não se sentisse tão sozinho; com isso, a gente garantia que ele estivesse bem, evitando uma possível baixa na imunidade e, por consequência, um quadro de adoecimento).
7. O dia D
O dia de embrulhar e encaixotar a mudança é caótico e muito corrido e uma das dicas mais preciosas que eu poderia te dar é: tenha pelo menos duas pessoas da família monitorando o processo junto à equipe da transportadora.
No nosso caso, a transportadora mandou 3 pessoas para embrulhar tudo, cada uma em um cômodo, empacotando coisas diferentes e me perguntando se podia ir assim ou assado...
No meio de tudo isso, uma mochila que eu separei com meias, cuecas, lentes e baterias da câmera (coisas que deveriam ir comigo no carro) foram parar numa das caixas sem que eu visse e, por muito pouco, as roupas que o Sander separou para a viagem também não foram junto.
Tudo isso aconteceu em poucos minutos, em um momento em que eu estava sozinho, justamente porque o Sander tinha ido monitorar o Sushi, dar comida pra ele etc...
Então, a dica de ouro (do Sander) é: faça uma triagem ANTES, separando itens pessoais essenciais que NÃO VÃO NA MUDANÇA (medicamentos, documentos, chaves, comida do pet etc).
E para evitar confusão, coloque tudo junto em um único lugar da casa, um canto reservado para isso e devidamente sinalizado (pode ser um cômodo ou algumas portas do armário, por exemplo).
8. Os ajustes para a entrega
Com a casa/apartamento devidamente vazio, vem a hora dos ajustes para entrega e o melhor jeito de evitar transtornos que podem prejudicar sua reta final de despedida/partida é fugir dos atalhos -principalmente se seu contrato for com imobiliária.
Quando mudamos da quitinete para este último apartamento, eu mesmo decidi fazer a pintura e alguns pequenos ajustes na parte elétrica -para economizarmos dinheiro na transição.
Resultado: a entrega não foi aprovada de primeira e a gente ficou mais alguns dias presos ao contrato anterior, dependendo da boa vontade da imobiliária; acabamos pagando alguns dias a mais de aluguel, além da diária de um profissional para fazer os ajustes do jeito que a imobiliária queria.
Mora da história, o barato saiu caro e, para nossa sorte, continuávamos perto do endereço anterior, o que era bem diferente agora, por isso, fomos mais objetivos dessa vez, minimizando ao máximo possível a chance de receber uma negativa.
O segredo é seguir o que tá indicado no contrato à risca, fazer uma corrente de oração no dia anterior e sorrir bastante para o supervisor durante a vistoria, rs.
9. Etapas finais
Para o final, ficam mais algumas partes burocráticas como desligamento de água, energia elétrica, gás, internet etc, sendo que água e energia, no nosso caso, só poderiam ser desligadas após a vistoria, por isso, a gente tinha como backup uma pessoa de confiança que poderia entregar a chave na imobiliária depois que tudo estivesse ok.
Mais uma vez: depende do seu contrato, por isso, é tão importante reler, tirar dúvidas junto à imobiliária e sempre se respaldar, formalizando acordos, como o que fizemos, solicitando que outra pessoa pudesse entregar a chave no nosso lugar.
10. Tenha reserva de dinheiro
Você já ouviu alguma vez que mudança é um ralo de dinheiro?
Pois é verdade...
Tá escrito em Mateus, versículo 7.
Por mais que tenhamos feito todo o processo em poucos dias, a gente já vinha se planejando para essa mudança há um bom tempo (tanto que viemos a São Paulo no ano passado, em outubro, com um olhar menos turístico, mais atentos aos detalhes da vida real, tentando conhecer novas regiões possíveis para morar, etc)... o que mudou foi que decidimos, de fato, executar o projeto logo, ao invés de esperar alguns meses a mais -e isso só foi possível por causa do planejamento prévio, considerando que sabíamos que a mudança aconteceria.
Se não houvesse um planejamento financeiro, esse projeto não seria viável -não nesse formato, pelo menos.
Entre transportadora, manutenção/ajustes, compras etc, muita grana se vai num processo de mudança e eu não te digo isso para te desanimar, muito pelo contrário: aqui do outro lado da tela não existe nenhum herdeiro e, se a gente conseguiu, você também consegue, desde que se organize, dentro da sua realidade -que pode ser bem diferente da nossa, com uma mudança bem menor ou maior, transportando os objetos de outra forma, enfim... casa história, uma sentença.
Todavia, nossa intenção com esse post foi exatamente preencher uma lacuna de conteúdo que não encontramos na internet, afinal, é tudo realmente muito "abstrato", adaptável para cada realidade possível e, por mais que se tente, não tem como criar uma bula da mudança perfeita -mas a gente tentou resumir aqui os passos para um planejamento sem surtar (tanto), seguindo o raciocínio do Sander, que é uma pessoa muito organizada.
Nossa mudança foi feita contratando uma transportadora em formato compartilhado (isso reduz MUITO os custos), ficando em Airbnb na saída de Brasília e na chegada a São Paulo e economizando o máximo possível dentro da nossa realidade; e se você se identifica de alguma forma com esta nossa vivência, espero que esse conteúdo possa te ajudar, caso você também esteja se planejando para uma mudança geográfica e/ou de vida.
E se você ainda não viu, tem outros posts no blog sobre a mudança aqui e aqui.
Além disso, eu continuo mostrando todas as próximas etapas da casa nova aqui e nas minhas redes sociais (sou @blogdomath no intagram e no Pinterest)
Por hoje é isso...
Bjs do Math e até a próxima!
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