Querida Brasília,
estou indo “bem ali”, com passagem só de ida.
Não gosto de despedidas, mas seria indelicado sair sem me despedir;
então deixo, no lugar do adeus, meu agradecimento.
Obrigado por me receber quando eu ainda nem sabia o que era ser gente.
Você acolheu dona socorro em busca do sonho de crescer na vida, assim como acolheu o sonho de tantos pais e mães de família de todo o país em busca do sonho de proporcionar dignidade, estudo e crescimento para as gerações seguintes.
Essa mudança de rota é poderosa demais, e eu sou grato por isso.
Obrigado pelos encontros.
Esse quadrado tem fama de ser frio, mas eu encontrei almas incríveis que passaram e ficaram pela minha vida, de forma tão intensa e verdadeira que ultrapassa qualquer barreira geográfica.
Obrigado pelas oportunidades.
Ok, você pode ser bem árida as vezes, a gente sabe.
Mas eu sou grato pelas oportunidades que tive aqui (e agarrei): quebrar o ciclo e ser a primeira pessoa de uma família preta do nordeste a ter acesso ao ensino superior não é apenas sobre um diploma. É muito mais forte e profundo.Gratidão por isso também...
Obrigado pelo silêncio que tantas vezes acalma quando o caos é tudo o que a gente tem por dentro.
E obrigado também pelo respiro: todo esse espaço as vezes parece que afasta as pessoas.Ok, esse é um ponto de vista.
Mas estar aqui é saber que sempre vai ter espaço e, quando se sentir sufocado, você pode olhar pra cima, adiante, respirar fundo e lembrar que tudo passa.E por falar em olhar pra cima,
o que dizer desse céu azul, né, menina...Obrigado por esse presente tão profundo e singular quanto você: em nenhum lugar do mundo, o céu é tão azul e bonito quanto aqui e só quem já esteve aqui, sabe (e eu sei bem).
Querida Brasília,
estou indo bem ali, com uma passagem só de ida.
Agradeço, mas não me despeço porque, na verdade, você vai estar sempre comigo -por dentro e no meu jeito de ver o mundo, que eu aprendi com você.
Obrigado por tanto e até a volta…
Math
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