Meses atrás eu recebi um convite especial do Pinterest Brasil para produzir um material especial temático de festas juninas e é óbvio que eu não pensei duas vezes e disse SIM, haha.
Acontece que festas juninas nunca foram, de fato, parte da minha vida porque (apesar de eu achar um espetáculo lindo, cheio de cor, luzes e danças), eu não podia participar por motivos religiosos.
Uma pena, mas hoje tô bem empolgado em poder dividir com vocês o meu primeiro passo no divertido mundo dos arraiás e espero que vocês curtam o material tanto quanto eu amei criar tudo isso.
Recentemente, estive no nordeste, conheci Pernambuco (falei sobre isso aqui no blog) e a viagem foi providencial para eu fazer uma imersão e me apaixonar ainda mais pela nossa cultura de forma geral, o que teve reflexo direto na produção...
Vocês já sabem que eu gosto de ter sempre um recorte de tema, algo menor e mais singelo que guia todo o processo criativo e, no caso de festas juninas, o que me vem sempre a mente é a imagem de bandeirinhas coloridas dançando ao vento, deixando o céu mais colorido e foi exatamente essa imagem que conduziu o que você verá aqui logo abaixo.
Tendo uma referência mais particular, eu deixei o projeto ser guiado por sensações ao invés de buscar referências estéticas prontas, afinal, a gente já sabe o que vai encontrar no google antes mesmo de apertar o enter depois de digitar "decoração de festas juninas", certo?
Nesse caso, minha missão era exatamente dar um novo significado para uma decoração temática tão específica, sem desrespeitar os signos e as mensagens que festas regionalistas carregam...
Parece difícil, né?
Bem, não foi das missões mais fáceis, mas eu amo um desafio e o processo criativo foi muito prazeroso, pois me obrigou a pesquisar pelo significado das coisas -isso me encanta- e eu acabei descobrindo porque as festas juninas acontecem predominantemente a noite: elas estão relacionadas ao solstício de inverno, que é a noite mais longa do ano e tem uma mensagem linda sobre o esforço do sol em renascer, criando uma narrativa da vitoria da luz sobre a escuridão.
Além disso, este é o momento ideal para fertilizar o solo para o plantio da primavera, o que representa esperança de colheitas fartas.
Tanto as narrativas relacionadas à noite quanto o enredo sobre plantio e colheita se tornaram outros recortes de tema de apoio, trazendo também a energia e a alegria que precedem as boas colheitas -que foram representados no editorial através de um painel flutuante de lua e estrelas, acessórios e comidinhas relacionadas à ceifas regionais e afins, respectivamente.
E apesar de ter descoberto em meio as pesquisas que as tradições das festividades juninas não são originalmente nossas -as celebrações foram trazidas pelos portugueses-, eu entendo que hoje é algo muito forte na nossa cultura e com o passar do tempo fomos dando um significado muito próprio para mais este festejo e quis representar nosso "toque" através de personagens que tivessem relação direta com figuras icônicas do nosso povo: uma moça com características de Gabriela Cravo e Canela (Sônia Braga, sua maravilhosa!), uma outra moça apaixonada por artesanato e manualidades e uma terceira persona que se relaciona com a natureza através do contato direto com a luz do sol.
A playlist que embalou a concepção do editorial tá aqui:
E o resultado de tudo isso você vê a seguir:
A estrutura básica do editorial: barraca de comidinhas, barraca do beijo, uma mesa posta acompanhada de um painel suspenso de lua e estrelas + fitas torcidas de papel crepom em cores vibrantes que levam o olhar ao centro de tudo, mantendo a lógica da decoração típica de festas juninas, que sempre nos leva a olhar pra cima.
Na nossa mesa posta: receitinhas à base de milho, as tradicionais cocadas servidas em mini copinhos de cachaça (viver é ressignificar), pirulitos em formato de estrelinha e a tradicional maçã do amor com licença poética para ficar ainda mais fofa, já que maçã era um dos principais elementos figurativos da produção.
A toalha de mesa é um lençol infantil com estampa de grid colorido, uma outra forma de pensar e usar o xadrez, fugindo do óbvio e do caricato, trazendo mais leveza e um toque lúdico para a decoração.
E as bandeirinhas, que eram inspiração desde o princípio do projeto?
Onde foram parar?
Com o painel flutuante, bandeirinhas dividindo o mesmo espaço gerariam uma confusão visual, então eu as trouxe -além da parte sensorial da leveza e dos pontos de cor- através da estampa que foi desenvolvida para a papelaria (aqui ela aparece nas caixas de pipoca e na mini lanterna) e nos apoios de madeira em formato de bandeirola que receberam docinhos...
E também tinha bandeirinha com lettering colorido decorando os docinhos :)
Entre as referências de moda, eu queria trazer uma vibe meio campestre para os looks (afinal, a gente tá falando de um tema relacionado a terra, plantio e colheita) e também queria muito usar chapéu de palha de uma forma não caricata e a solução foi usar peças bem delicadas, tons terrosos e arrematar o chapéu baratinho de palha com uma fita de veludo para finalizar o styling com um lacinho.
A fita foi colada no interior do chapéu com cola quente e é muito fácil de reproduzir em casa, viu...
E como festa junina que se preze tem barraca do beijo, a gente criou uma super fofa resgatando aquela boa e velha técnica dos tempos de infância de fazer babadinhos com papel crepom e cola.
Diz aí: ficou um mimo, né non?
Por mais que eu ame chita, eu decidi que dessa vez ela ficaria de fora e precisava representar essa vibe artesanal nordestina de alguma outra forma, e a solução encontrada foi usar sianhinhas.
Elas aparecem em vários detalhes e aqui, nesse top que foi feito a partir de uma camiseta branca.
A peça ficou super levinha e vai ter tutorial no canal logo, logo.
Reparou também na maquiagem das meninas?
A idéia era trazer uma pele cheia de frescor, de quem adora lavar o rosto cedinho e sentir o sol tocar a pele -o que nos leva ao iluminador e o mínimo de interferência, sem sombras nem cílios postiços, por exemplo.
Como a gente não brinca em serviço, dividimos o editorial em duas partes, usando o figurino como divisor da história.
Se o primeiro ato tem referências mais delicadas, a segunda parte é propositalmente uma profusão de cores e elementos, pra mostrar as possibilidades existentes...
As mesmas personagens mostram um lado mais extravagante e divertido, quase uma variação de look para o dia versus look para a noite de mocinhas de uma pequena cidade/vila do interior 💖
Uma pausa pra falar desse vestido com estampa de caju (maravilhosa, por sinal), que se encaixou perfeitamente no editorial de todas as formas possíveis: ele é parte do TCC da Manu, minha amiga que já participou de diversos editoriais aqui no blog (nesse, ela é a modelo que tá usando o top de sianinha e a jaqueta com bordados).
Ela se formou recentemente em design gráfico e direcionou seu projeto para aplicação em superfície.
Além desse vestido, tem outras peças belíssimas também e a sensibilidade criativa dela me tocou tanto que eu não via a hora de encaixar as peças em alguma produção.
Obrigado, sua linda 💕
E assim a gente chega na hora de enaltecer o trabalho das pessoas incríveis que tornaram realidade mais esse projeto lindo de viver, que já é um dos meus favoritos EVER:
Concepção:
Produção e styling:
Matheus Fernandes e Eleanor Portela
Fotografia:
Assistente de produção:
Modelos (gentilmente cedidas por 3 Models):
Cabelo: Fabiana Natividade
Make: Luciana Maia
Locação e mobiliário: Dona Festeira
Bolo: Thais Terra
Pirulitos: Mundo Candee
Brigadeiros: Brigadeiro em Flor
Agora a gente quer saber o que vocês acharam!
Conta pra gente o que vocês acharam das ideias e do resultado e fica de olho que logo mais tem tutorial no canal ensinando a fazer a barraquinha, o top e o painel flutuante.
Já aproveita e se inscreve pra não perder nada, viu...
Bjs do Math e até a próxima!
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