Desde que eu me dei conta de que a produção de conteúdo para internet havia se tornado uma parte tão importante na minha vida, eu venho buscando encontrar minha voz para falar de coisas relevantes para a vida das pessoas e tentando formas diferentes de colocar isso em prática: seja através de uma ilustração, uma cartela de adesivos ou um calendário que pode deixar a vida das pessoas mais leve ou através de tutoriais no YouTube onde divido meu processo criativo.
Acontece que eu sempre quis ir mais fundo, porque eu sou do tipo de pessoa que sempre questiona e sempre busca respostas mais consistentes para as coisas na vida e com meu trabalho também não poderia ser diferente.
Nos últimos anos, eu tenho aprendido muito sobre mim ao compartilhar com vocês o meu trabalho, que é resultado das minhas vivências e cada vez mais, grita dentro de mim a necessidade de falar sobre algo que teve grande influência no ser humano em que me tornei hoje: os episódios de abuso sexual durante a minha infância, sobre os quais eu já falei nesse post aqui e em algumas ocasiões nas redes sociais.
Eu sei que pode parecer confuso falar sobre algo tão obscuro e complexo em um blog/canal que sempre fala de coisas coloridas e felizes, mas o lado cheio do copo é que eu não quero trazer coisas ruins à tona: quero, sim, falar sobre prevenção para desmistificar o problema e evitar que o mesmo possa acontecer com outras pessoas.
Maio é o mês do meu aniversário (foi dia 11 e eu queria ter postado o vídeo neste dia) e também o mês do dia da prevenção ao abuso sexual infantil, então, nada mais coerente do que usar esse momento para falar de algo sobre o qual eu sempre falei, porém de uma forma mais direta e objetiva, assim como eu acredito que deve ser, pois a melhor forma de evitar que aconteça é através da informação, e não do medo que os tabus geram.
Se você já me conhece há mais tempo e já me viu falando sobre isso, deve saber que minhas ilustrações e meu trabalho como um todo trazem minha forma de falar ao mundo sobre o resgate das memórias de infância através do lúdico, já que uma parte da minha infância foi tomada de mim sem que eu tivesse escolha ou mecanismos de defesa...
Sim, meu traço nas ilustras de personagens ou objetos não representam coisas fofas apenas porque eu gosto de tons pastel ou de objetos e personagens engraçadinhos: colocar no meu trabalho uma visão de mundo mais puro e leve foi a forma que eu encontrei de combater os meus traumas e de mostrar pra todo mundo que a gente pode encarar os problemas e transformá-los em coisas boas e inspiradoras para o mundo.
Mas apenas isso não é o suficiente pra mim e eu precisava falar.
E para não falar errado ou gerar receios desnecessários, convidei uma pessoa que, além de ser uma amiga muito querida, é também uma profissional excelente e muito dedicada: Athena Melo, psicóloga com especialização em atendimento infantil com muita experiência no assunto.
Com essa ajuda, deu pra produzir um conteúdo realmente útil para todo mundo com foco na prevenção, abordando sinais e dicas para a prevenção.
Definitivamente não é o vídeo mais fofo ou bonitinho do canal, mas ele precisava existir e apesar do frio na barriga que sempre vem antes de expor algo tão pessoal na internet, para todo mundo, eu acredito que seja um dos conteúdos mais relevantes que tenha passado por aqui, por ser de utilidade pública.
Pra quem é destinado o vídeo?
Pra todo mundo, afinal, pode ser que você não tenha filhos hoje, mas pode ter um sobrinho, um priminho... na verdade, não importa o grau de envolvimento sanguíneo ou afetivo: a gente precisa saber que existe um risco à espreita e que alguns sinais podem evitar danos psicológicos difíceis de tratar no futuro.
Sim, o vídeo ficou longo porque eu não quis tirar na edição informações que considero relevantes.
Lembrando que
1) O principal canal de denúncia é o Disque 100.
As denúncias são anônimas e sem custo. Você só precisa dedicar um pouco de tempo para evitar muitos transtornos na vida de uma pessoa.
2) Ter medo, não encarar o assunto de frente ou fingir que ele não existe não resolve. Os números sobre abuso sexual infantil/pedofilia são assustadores e o problema tá sempre mais perto do que a gente imagina.
Em nenhum momento passou pela nossa cabeça transformar este conteúdo em um merchan, mas se você precisa de uma ajuda profissional nesse sentido, eu particularmente não conheço uma profissional mais indicada que a Athena para ajudar, então, estou deixando aqui o insta profissional dela. Ela atende presencialmente e também à distância (conforme as regras do CRP), via chamada de vídeo.
Se por acaso você já passou por isso em algum momento da sua vida e não sabe exatamente como lidar, procure ajuda. Sempre vale a pena, tudo tem jeito e o que você passou pode ajudar outras pessoas.
Se aconteceu com alguém próximo, todas as dicas mencionadas no vídeo são válidas: apoie, ouça, abrace, não julgue e sempre, sempre busque ajuda profissional, pois algumas coisas podem ser complexas demais pra gente processar sozinh@.
Todavia, passar por qualquer adversidade na vida pode nos tornar vítimas ou sobreviventes e eu sugiro fortemente que você tente se enxergar como alguém que sobreviveu e que tem toda uma vida incrível pela frente e que a melhor forma de combater os males é transformando fantasmas, monstros e pesadelos em coisas boas.
É isso que me motiva todos os dias quando acordo, agradeço por estar vivo e penso "o que tô fazendo da vida?" ou "o que posso fazer de bom hoje?".
É por isso que eu vesti esta camisa e sempre coloco muito amor e dedicação em todo o conteúdo que coloco aqui: essa é minha forma de compartilhar com o mundo a minha visão sobre a vida e dizer o tempo todo que a gente pode ser feliz e fazer outras pessoas felizes.
Muito obrigado por me permitirem falar sobre isso, por me darem espaço pra compartilhar minhas experiências e retribuirem sempre com sentimentos bonitos.
P.s.: lembrei de um episódio do Profissão Repórter que vi tempos atrás e que abordou o tema de uma forma muito singular, mostrando inclusive outra perspectiva sobre o abusador/pedófilo (que precisa de tratamento e não apenas ser jogado em uma cela, pois celas não "tratam"/"curam" o problema).
Se você tiver um tempinho ou interesse em entender melhor o assunto, sugiro fortemente que assista clicando aqui.
Bjs do Math e até a próxima!
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