Na verdade, demorou (muito), mas chegou esse editorial todo trabalhado no hot dog e na batata frita, que foi fotografado ainda no ano passado e que, por "N" motivos, só está vendo a luz do dia agora, rs.
Ele é resultado de muitas reflexões sobre a lógica do meu trabalho e de como a mensagem do conteúdo produzido por mim poderia chegar até vocês de uma forma mais significativa, com ideias e assuntos mais relevantes, sem perder a essência da simplicidade e da leveza (que é uma preocupação constante).
Como resultado dessas reflexões, me veio o insight de experimentar o desafio de produzir editoriais utilizando objetos simples (que muitas vezes até já fazem parte da nossa rotina), dando a eles novos contextos e possibilidades, através de uma tentativa de mostrar que a gente não precisa gastar rios de dinheiros ou reinventar a roda toda vez para decorar de forma divertida, colorida e inspiradora.
A inspiração veio da estética de boteco, como uma alternativa à onda do design industrial, vista sob uma perspectiva diferente, repensando algo que sempre me intrigou: o fato de que a gente sempre quer coisas novas e pouco tempo depois de as ter, deixamos de ver o brilho e o encanto que nos atraiam nelas.
Não há exatamente algo de errado nisso, até porque o ser humano precisa de renovação para que os nossos ciclos de vida façam sentido, mas porque exatamente descartar tudo o que já teve uso no passado?
Alguns restaurantes/bistrôs/lanchonetes já vem trabalhando esse resgate de memórias e momentos, dando uma nova cara a essa estética, com um certo frescor que muito me atrai -entre eles, o Tacombi, uma taqueria que começou com uma Kombi em 2005, cresceu e hoje tem várias unidades de restaurantes nos EUA, inspirados na cultura e na gastronomia mexicana, que utilizam de elementos da "estética de boteco" para criar uma atmosfera nostálgica e ao mesmo tempo encantadora, fazendo uso de coisas incríveis que ficaram no passado, como o sign painting (aquele trabalho de pintar placas e fachadas à mão, como a gente via nas lojas antigamente) e o PNY, que eu já comentei aqui no blog uma vez.
E foi de lugares e objetos assim que veio a inspiração para esse editorial, que traz a ideia de uma festa simples e criativa feita com materiais e objetos acessíveis.
O resultado a gente confere juntos agora:
O primeiro desafio era desconstruir um pouco o formato de festa relacionada apenas a aniversário, com uma mesa de bolo quadrada/tradicional, por um motivo muito simples: eu acho que festa pode acontecer a qualquer época, com as pessoas que a gente gosta.
Não precisa ter uma data ou uma obrigatoriedade, logo, a gente pode inventar qualquer motivo para encontrar as miga (e como o red velvet da Thais Terra é sempre bem vindo, sendo aniversário ou não, é óbvio que ele não poderia ficar de fora, rs).
Usar algo inusitado para substituir uma mesa tradicional foi um dos principais pontos nessa produção, e trabalhando com estética industrial e "de boteco", de cara veio a ideia de usar uma estante de ferro dessas bem simples, porém numa versão colorida (essa já veio pintada de fábrica e tá disponível pra locação lá na A Garimpeira).
O painel de telhas galvanizadas coloridas foi uma ideia para criar ao mesmo tempo a ideia de container/food truck e também para mostrar que qualquer material pode servir para tirar uma decoração do lugar comum.
As telhas foram compradas cruas para a produção e a gente pintou para dar essa carinha nova. A boa notícia é que elas também estão disponíveis para locação lá na A Garimpeira ;)
Para os looks das meninas, a pesquisa foi direcionada à produção de algo com informação de moda mas totalmente possível. Manu e Marcela estão com figurino e beleza na mesma vibe "simplifica aê" de todo o resto da produção, já que a ideia era criar algo que pudesse ser facilmente replicado em casa por todo mundo.O borogodó fica por conta dos detalhes: calça com a modelagem do momento (mom jeans, que eu amo, porque minha mãe realmente usava esse tipo de peça quando eu era criança) e pins divertidos pra deixar a saia evasê ainda mais linda, combinando com camisetas básicas "pero no mucho".
Como a base já tarra bem simples, aquele certo "exagero" é bem vindo nos acessórios.
Confesso que amei o resultado menos fancy, mais vida real... e vocês? Me contem depois o que acharam ;)
Notaram também que a decoração da "mesa" contou com pouquíssimos elementos?
Além disso, os objetos escolhidos foram itens simples/comuns e relacionados ao tema, sem florear demais, sem intenção de sofisticar ou "gourmetizar" algo que, por sua essência, é simples (e daí que vem o charme): porta canudos e guardanapos -comprados em lojas de embalagem por um preço mui amigo-, frutas, garrafas e docinhos.
Totalmente possível reproduzir algo parecido em casa, né?
O segredo: coordenar de forma equilibrada cores, alturas e volumes (que a gente aprende praticando).
Outra "preocupação" que virou uma bela solução estética: o excesso de lixo "inútil" que a gente gera em cada festa com o uso de descartáveis que não são reutilizados.
Encontrei esses copos de plástico coloridinhos e reutilizáveis já com canudo em lojas de 1,99 por um excelente preço. Dá pra marcar o dos convidados com adesivos fofos, para uma mesma pessoa usar o mesmo copo durante toda a festa.
Apenas deixando claro: não sou contra copos descartáveis de papel etc (inclusive tenho uma coleção deles em casa), mas acho legal a gente pensar em alternativas para coisas que a gente faz no automático sem pensar nas consequências, né...
Quem concorda levanta a mão!
Pra fugir do óbvio da estética industrial tradicional (geralmente com muito preto e metal), que pode passar a sensação de frieza, a cartela de cores foi fundamental para trazer leveza e um tom lúdico, assim, você sente vontade de "estar lá" se divertindo.
Eu quis também coordenar cores comumente utilizadas em redes de restaurante/fast food atuais com tonalidades dos dinners vintage, assim, não ficou caricato e não pesou demais para um lado ou outro.
Como nem tudo na vida é tons pastel, um pouco de vermelho pra "animar" a brincadeira: o cooler junto com o arco de balões trouxe o contraste perfeito entre o quente e o frio, o suave e o vibrante mesclando azul e vermelho.Reparou na mesa de grid também? Lembra que usei a mesma ideia no editorial de halloween do ano passado e no nosso workshop de cool hunting?
Pois bem: ensinei o passo a passo no instagram em uma live, mas a ideia é tão incrível que acho que merece um vídeo no canal também, né non?
Mas Math, eu não tenho um cooler babadeiro desses em casa, e agora?
Eu também não tenho, meu anjo, mas a vida é feita de improvisos, né?
Então dá pra usar um frigobar fofo (se você tiver em casa), uma caixa térmica (daquelas de levar para a praia) ou até mesmo um vaso de plantas grande acompanhado de elementos fofos, como flores ou balões de hélio. O segredo está em experimentar e não se prender a coisas pequenas... SEMPRE!
Sim, é a versão original que inspirou o da festa da Clarinha (acreditem, esse editorial foi produzido e clicado ainda antes da festa, em outubro passado, rs).
E pra quem tiver dúvidas: tudo é feito com buttercream, inclusive o lettering. Ficou muito incrível, né?
Um dos meus favoritos entre todos os bolos que já passaram por aqui.
Agora vamos falar de piñatas: eu queria que a produção tivesse uma cara mais jovem e menos infantil, por isso, a narrativa está nos detalhes. Acontece que eu acho que uma pitada de "fantasia" sempre vai bem e uma forma divertida de trazer isso para a nossa festa foi usando piñatas, que transitam muito bem em qualquer formato e faixa etária no mundo das festas, por deixarem tudo mais lúdico e animado.
Essa batata frita gigante é a mesma feita para o nosso encontrinho inspirado na Katy Perry, que aconteceu em SP no ano passado.Na ocasião, ela era apenas coadjuvante no material de divulgação, mas ela é tão fofa que achei merecia mais destaque e dessa vez ela voltou praticamente como protagonista, em escala aumentada.
Destaque merecido, né? Haha
O copo de limonada foi inspirado em um post do blog Oh Happy Day, mas aqui ele ganhou uma carinha diferente, combinando com os outros elementos da produção.
Todo o passo a passo está lá no OHD, mas como eu achei bem difícil de compreender as etapas, estou considerando fazer um vídeo com truques pra facilitar a vida, o que acham?
Para as lembrancinhas, a ideia foi inspirada nos pacotes de comida "para viagem", com a identidade visual que eu desenvolvi para os elementos da produção (e eles ficaram tão fofos que acabaram servindo de objeto de decoração também).
Vai dizer que não é super possível fazer uma reunião com as miga em casa e servir qualquer comidinha com esse capricho? Juro que não precisa de muito esforço e de perto ficou tão mágico quanto nas festas. A gente realmente se sentiu dentro de uma lanchonete fofa gastando pouquíssimos dinheiros, rs.
Ufa! Quanta coisa, né...
Espero que tenha sido o suficiente para transmitir a ideia que guiou toda a concepção do projeto: que a gente pode, sim, fazer coisas incríveis com muito pouco e com coisas simples também, afinal, dessa vez não teve descartável importado (que eu amo, mas eles tinham que ceder a vez para produtos que estejam ao alcance de todo mundo) e até mesa de boteco entrou na roda (reparou?).
Mais do que provar que essas outras possibilidades são reais, o objetivo desta produção era instigar a sua curiosidade pra dar uma garimpada em lojas populares próximas de você -e porque não, nas gôndolas do mercado também- e, como sempre sugeri, dar uma olhada ao seu redor e tentar enxergar novas possibilidades no que você já tem!
E a playlist que inspirou o editorial (uma das minhas favoritas ever) tá aqui em baixo.
Não estranhem: tem música "brega" com "cara de boteco das antigas", sim.
Ouve com carinho pensando nas ideias que eu já mencionei aí em cima que eu juro que vai fazer sentido ;)
Por fim, mas não menos importante, um obrigado do tamanho do universo e do fundo do meu coração à todas as pessoas queridas envolvidas em mais um projeto louco e lindo. Cada viagem que se torna realidade aqui só é possível por causa de pessoas que também acreditam na mágica que acontece quando a gente coloca amor em tudo e quando pensamos em compartilhar coisas boas!
Todos os amigos e parceiros envolvidos estão listados na ficha técnica logo ali em baixo, mas uma pessoa em particular participou de forma indireta e merece um milhão de agradecimentos muito especiais: Anete, amiga querida e muito inspiradora, que topou investir nas ideias malucas que você acabou de ver na tela.
Concepção e styling: Matheus Fernandes
Produção: Matheus Fernandes e Eleanor Portela
Fotografia: Alba Apen
Modelos: Manuela Gomes e Marcela Jaques
Cabelo: Alinne Ferreira
Maquiagem: Luciana Maia
Modelos vestem: BÔH e Math para Touts
Pins: Bee Mine
Locação, mobiliário e objetos de cena: A Garimpeira por Peça Rara
Bolos: Thais Terra
Brigadeiros: MayCakes
Flores: Moça do Buquê
Balões: Planet Balloon
Por hoje é só, pessoal!
Bjs do Math e até a próxima...
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