Quem acompanha o blog há mais tempo sabe que ele já foi um espaço cheio de dicas de moda e estilo e sabe também que eu mudei minha visão sobre moda durante e depois da faculdade, tanto que os posts do assunto são cada vez menos frequentes aqui.
Não que eu tenha deixado de gostar do assunto ou ache menos relevante.
Muito pelo contrário: hoje eu enxergo moda de forma mais consciente -como arte, poesia e comunicação- e é por não concordar com a banalização do assunto que prefiro deixar as discussões sobre moda para momentos especiais, pois posts e textos vazios apenas ensinando a misturar peças já tem aos montes por aí.
Isso não significa que eu abri mão também de compartilhar conhecimento e reflexões sobre moda; a verdade é que quero muito voltar a falar sobre o tema aqui de uma forma acessível, mas estou deixando acontecer de forma natural, sem pressão e sem anseios efêmeros ou sazonais e tenho feito isso aos poucos, respeitando o tempo natural necessário para que meu cérebro consiga oxigenar as ideias relacionadas a esse universo para que eu possa, de alguma forma, ajudar as pessoas a refletir sobre seus hábitos e sobre o significado da moda em si.
Eu dei essa volta inteira apenas pra dizer que os posts de moda que entram aqui no blog atualmente tem que ter, obrigatoriamente, um cunho autoral ou uma "função social", pois é nessa linguagem que eu acredito: a linguagem do estudo, da pesquisa e da criação. E hoje, orgulhosamente, eu quero apresentar a vocês o editorial do TCC de um amigo muito querido, o Max Rocha (que vocês já conhecem de outros posts e editoriais aqui no blog), o qual tive o prazer de participar ajudando na produção e na filmagem.
O Max se formou no último mês e deixou todo mundo apaixonado pelo conceito desenvolvido para a sua marca, a A.K.A.
Por trás de frases divertidas e irônicas e de uma cartela cromática doce, a coleção, entitulada New Dreams Ltda., retrata o espírito transgressor por trás do jovem contemporâneo, que deseja se comunicar com o mundo de forma criativa e não óbvia, usando suas roupas também como forma de expressão.
Quando a gente fala de trabalhos acadêmicos, como uma coleção de moda para um TCC, é importante deixar algumas características bem claras para evitar julgamentos vazios do tipo "eu não usaria isso" ou "nossa, que coisa estranha", afinal, nesse tipo de trabalho, o mais importante é comunicar sentimentos, emoções, pontos de vista que foram estudados e construídos minuciosamente.
No caso do Max (mais conhecido como bicha-destruidora-mesmo-viu-viado), seu projeto resultou na criação de uma marca destinada ao público jovem que está em busca de liberdade e de autoconhecimento; são pessoas reais que estão ao meu lado e ao seu lado... pessoas que talvez já tenham sido tachadas de "loucas" por serem autênticas, ousadas e por não se importarem com o julgamento externo.
Essa personalidade carregada de ousadia, rebeldia e subversão originou o nome da marca, A.K.A., que é a abreviação da expressão "Also Known As" ("também conhecido(a) como", em tradução livre).
A sigla, que em inglês é usada para designar um outro nome pelo qual algo ou alguém é conhecido -muitos artistas usam para identificar e nomear alter egos-, ganhou aspectos de liberdade dentro do processo de elaboração do branding da marca e se tornou expressão de busca pela liberdade: quem é conhecido como quem ou o que? Aqui não importa, pois você pode ser quem quiser.
A idéia de liberdade se reforça nas peças que não tem gênero definido e que podem ser usadas por qualquer pessoa, independente da identificação sexual: meninos e meninas tem total liberdade para escolher o que mais lhes interessa dentro de cada coleção da marca.
Discurso super atual e contemporâneo. Que orgulho!
Para não alongar demais o post, uma breve explicação sobre o tema da coleção: o processo de criação e desenvolvimento das peças teve como principal fonte de inspiração o vaporwave, um movimento artístico que surgiu na web em 2010, trazendo uma releitura da estética e da música dos anos 1990.
Essa expressão artística que tem como principal plataforma a internet surgiu de um grupo pequeno de adolescentes e jovens que viveram sua infância na década marcada pela chegada dos computadores pessoais (os PC's) e da internet na casa e na vida das pessoas ao mesmo tempo em que crescente processo de globalização mudava para sempre a trajetória da humanidade. De uma forma saudosista e nostálgica, essa turma remixou memórias e fez ressurgir a estética da década dos gráficos digitais.
Aqui em baixo tem fotos do editorial fotografado para a apresentação do TCC e o teaser da coleção, onde você pode ver um pouco dessa mistura e entender melhor tudo o que eu tentei explicar aí em cima, espia:
Play:
Além de peças lindas e vanguardistas, a coleção veio toda carregada de significados e críticas ao consumo.
Se você curtiu e quer saber mais sobre o projeto, pode entrar em contato com o Max através do instagram dele.
E se você estuda ou tem interesse em estudar moda, vale a pena dar uma olhada nos posts anteriores sobre o curso que eu postei aqui no blog.
Só pra lembrar, eu coloquei no ar nas últimas semanas o primeiro vídeo de uma série sobre o curso de moda que você pode assistir no Youtube (aproveita e se inscreve pra não perder os próximos, que vão
falar sobre carreiras e mercado).
CRÉDITOS
Max Rocha
Modelos:
Leandra Calandrini
Leandro Lopo
Lorena Loschi
MakeUp:
Flavio Trindade
Produção:
Matheus Fernandes
Sabrina Pessoa
Fotografia:
Max Rocha
Filmagem:
Matheus Fernandes
Edição:
Mara Schiavon
Bjs do Math e até a próxima!
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